Cosmogonia A Criação através o Pensamento Greco/Romano





SEU LIVRO DE VIDA

Quase tudo o que você quer saber
 sobre Astrologia da Alma e do Auto-Conhecimento
Em 22 Capítulos/Volumes
© 2008 Janine Milward


Capítulo 4

No Grande Teatro da Vida:
 Atores e Atrizes, Textos e Cenários


Luminares: Sol e Lua
Planetas, Planetóides e Pontos
Signos
Casas Astrológicas



Cosmogonia

A Criação através o Pensamento Greco/Romano

 Do Caos ao Cosmos

Descendência: 
Filha de Urano - Vênus, sem a participação de Mãe-Gaia, a Terra
Filhos/Filhas de Saturno
Júpiter - Netuno - Plutão - Quíron
Juno - Ceres - Vesta
Filhos/Filhas de Júpiter
Pallas Athenas (sem mãe) -
Vulcano (filho de Juno, mulher de Júpiter, com dúvidas sobre a participação do marido neste nascimento)
Mercúrio - Marte




Do Caos ao Cosmos

O texto abaixo é sintetizado por Janine e extraído de alguns Fascículos da antiga coleção Mitologia, publicada pela Abril Cultural, ainda na década de 1960.


“No começo era o Caos”, conta o poeta Hesíodo.  De repente, surge a primeira realidade sólida: Gaia, a Terra. Ela deu ao Caos um sentido: limitou-o,  instalou nele o chão, o palco da maravilha e da miséria da vida.  Restava ainda um espaço vazio, sobre Gaia.  Para preenche-lo, ela “criou um ser igual a si mesma, capaz de cobri-la inteira”. Criou, sozinha, Urano, o Céu Estrelado.  Gaia uniu-se a Urano, seu primogênito e apaixonado amante, gerando com ele muitos e muitos filhos. 

Elementos devastadores, os primeiros filhos de Gaia fazem os vulcões entrarem em erupção, e criam terremotos, tempestades e furacões.  No entanto, Urano, pai e irmão dessas forças, revolta-se contra elas e as atira no Tártaro, uma das regiões do Erebo subterrâneo.  Mas Gaia, mãe-Terra, liberta seus filhos - porque é a própria Natureza e não pode impedir que os fenômenos naturais sigam seus próprios cursos.

Entra em cena Cronos, Saturno, filho de Gaia e de Urano, que se revolta contra seu pai que não pára de fecundar sua mãe, incessantemente.  E também Cronos, Saturno, revolta-se contra seus outros irmãos que estão sempre devastando a Terra.

Para que Urano não continue fecundando sua mãe e trazendo mais e mais filhos, Cronos, Saturno, corta os testículos de seu pai, castra-o, lhe traz o limite da criação e da procriação, usando uma foice.  Ao cair sobre a Terra, o sangue de Urano gerou as Eríneas (símbolos da culpa de Cronos, Saturno) , os Gigantes e as Melíades, ninfas das Arvores.  Ao caírem no mar, os testículos do deus formam uma branca espuma da qual nasce Afrodite, Vênus, a deusa do amor e da beleza.

Juntamente com Rea, Cibele, sua esposa e irmã, Saturno estabelece um reinado que se assemelha à era pré-consciente da humanidade.  Nesse período, o Tempo ainda está cego.  A vida não compreende a si mesma, e parece mais um simples fervilhar de elementos confusos do que propriamente uma evolução.

Cronos é insaciável; o Tempo devora tudo: seres, momentos, destinos, sem piedade, sem apego ao que passou.  O que importa é construir o futuro.  Porém, Cronos, Saturno, teme que lhe aconteça a mesma coisa que fez acontecer ao seu pai, o fato de ser destronado por um dos seus filhos.  Aliás, sua mãe-Terra, Gaia, já lhe havia profetizado essa verdade.  E por isso mesmo, Saturno vai devorando cada um dos seus filhos, ao nascerem.

Apenas um de seus filhos escapou-lhe à voracidade e o destronou do centro do mundo: Zeus, Júpiter, o poderoso deus dos deuses.  Rea, Cibele deu à luz seu filho Júpiter numa distante caverna e entregou-o para ser cuidado por Gaia enquanto voltava ao lar e entregava a Cronos uma pedra embrulhada por um pano, como se fosse o filho recém-nascido.  Cronos, Saturno, rapidamente engoliu a pedra.  Rea havia salvado seus filhos mas ao mesmo tempo havia selado a profecia: em dia próximo, o ultimo filho de Cronos tomaria das armas para encerrar o sombrio reinado de sangue.  E para sempre se instalaria no mundo.

Júpiter, ao crescer, aliou-se aos irmãos e aos monstros, e destronou Saturno, Cronos, venceu os Titãs e os Gigantes.  Com a tríplice vitória, firmou-se como senhor absoluto do mundo e encerrou o ciclo das divindades tenebrosas, das forças desordenadas, que como Cronos - o Tempo - tudo corrompem e destroem.  É a vitória da Ordem e da Razão sobre os instintos e as emoções desenfreadas.

Quando Júpiter destronou seu pai, entregou-lhe uma poção mágica que fez com que Saturno vomitasse todos os filhos que havia engolido, um a um.  Reunidos os três irmãos, Júpiter, Netuno e Plutão, tramaram então um plano para destituir do poder o pai temível.  Armas lhes foram fabricadas: a Júpiter, couberam o raio e o trovão.  Para Plutão, coube o capacete que o tornava invisível.  Para Netuno, coube o poderoso tridente, a cujo toque terra e mar estremeciam desde as profundezas.     

Os vencedores reuniram-se e dividiram entre si o domínio do mundo, cada qual com seu quinhão de honraria: Netuno ganhou a soberania dos mares; Plutão assumiu o reino dos mortos.  E Júpiter subiu ao Olimpo, para de lá comandar, altíssimo e absoluto, a terra e o céu, os homens e todos os demais deuses. 

Em termos de descendência, Júpiter gerou filhos heróis e dignos - entre eles, Marte e Vulcano, com sua mulher Juno; Mercúrio, com a ninfa Maia, Apolo e Diana, com Latona; Minerva (que nasceu de sua cabeça); Perséfone ou Prosérpina, com Ceres.  Netuno gerou monstros e bandidos.  Plutão não teve filhos.






Sol e Lua: Divindades Siderais

Hélios e Selene são filhos de Hipérion e Téia, dois Titãs (portanto, irmãos de Saturno, o mais famoso dos Titãs, todos filhos de Urano, o céu estrelado,  e de Gaia, a Mãe-Terra.

Hélios é belo e feliz e por esta razão, os demais Titãs o hostilizam e um dia, lnçam Hélios nas águas do Rio Erídano.  O jovem luta porém o a violenta força do rio acaba por traga-lo.  A bela Selene, ao tomar conhecimento do trágico destino do irmão, arremessa-se do alto do palácio e morre também.

Seus pais entristecem imensamente.  Uma noite, Téia sonha com seu filho,  agitando os longos cabelos dourados, sereno e confiante como sempre fora em sua vida.  Com muito carinho, pede à mãe que não chore mais pois agora ele vive no Olimpo, ao lado de Selene, junto dos Imortais.

Quando Téia acorda, uma estranha calma a inunda.  Ela olhao para o alto e compreende: seus filhos estão lá.  Hélios e Selene iluminam tanto o sofrimento quanto a alegria dos mortais.... só que, agora, se chamam Sol e Lua.

Conta a lenda que, no seu trabalho de levar luz ao mundo, o deus percorre o céu sobre um carro de ouro, fabricado por Vulcano, o grande artesão, senhor do fogo.  O mito descreve o movimento do Sol como uma longa viagem pelo mundo.  Envolto em leve manto, protegido por reluzente capacete, Hélios empunha as rédeas e inicia, a partir do Oriente, sua corrida pelos espaços celestes levando luz e calor a todas as partes do universo.  Depois de alcançar o ponto mais alto de sua trajetória, exatamente ao meio-dia, o carro começa a descer na direção do Ocidente.  Quando desaparece no céu visível, Hélios reúne a sua família, que o aguardava numa taça de ouro (ou num barco, segundo outras versões) e navega durante toda a noite, até atingir, na manhã seguinte, outra vez o seu ponto de partida, recomeçando o trabalho.

Outra filha de Hipérion e Atéia é Aurora, compondo então, as divindades siderais. A função principal de Aurora é abrir as portas do céu para que Hélios realize seu trabalho e cruze os céus do universo.

Selene, com sua coroa de ouro, ilumina a atmosfera em trevas - é a Lua.  ao entardecer, quando Hélios termina a viagem pelo mundo, ela começa seu próprio trabalho: vestida de trajes fulgurantes, parte num carro de prato, puxado por belos cavalos brancos e jorra luz por toda a superfície da terra.

A verdade é que o mito de Selene nunca foi objeto de algum culto especial - mesmo que tenha sido anterior ao mito do Sol e que povos antigos a tenham identificado com o crescimento das planetas e com a fertilidade animal e humana.  Selene identificou-se com Ártemis, Diana, deusa da caça e da  castidade.  Foi também associada ao mito de Hécate, a feiticeira que ronda os túmulos.








A Descendência


Filha de Urano
(sem a participação de Gaia, a Mãe-Terra)

Vênus

Urano, o céu estrelado, uniu-se à Terra e nela fecundou os Titãs, Ciclopes e Gigantes.  Saturno, o mais jovem dos Titãs, foi o escolhido por sua mãe para livrar-se de Urano e durante a noite, quando seu pai desceu para cobrir a Terra, Gaia, aproximou-se e, com um golpe único e violento, cortou os testículos do pai e atirou-os ao mar.

O sangue de Urano jorrou sobre a Terra e novamente a fecundou: nasceram as Eríneas, terríveis deusas da vingança.  Distante, no mar, aos poucos foi se formando uma espuma, nascida dos órgãos arrancados de Urano.  E desta espuma brotou Afrodite, Vênus, a mais bela dentre as deusas, emergindo das águas, amparada numa grande concha de madrepérola.  Vênus é conduzida ao Olimpo e todos clamam sua beleza.

Inicialmente, Vênus era considerada a deusa do instinto da fecundidade.  Sua ação era ilimitada, abrangendo toda a natureza com seus componentes humanos, animais e vegetais. 
Acreditava-se que ela espalhava o elemento úmido, causa fundamental de todo princípio gerador e de toda a fecundidade na natureza.

Somente mais tarde é que Afrodite/Vênus passou a ser a deusa do amor - no início protetora das formas mais nobres e puras desse sentimento.  Com o tempo, passou a personificar o amor em seus inúmeros aspectos, recebendo outros nomes e cultos diversos: Afrodite Urânia (celeste) que simboliza o amor puro e ideal; Afrodite Pandemos era deusa do amor sensual e venal.

Segundo Homero, somente três das divindades olímpicas não se deixavam seduzir por Vênus: Pallas Athenas (Minerva), Ártemis (Diana) e Héstia (Vesta).  Recusando-se a obedecer às suas leis, de Vênus, estas deusas têm as atribuições que os gregos consideravam mais importantes, por constituírem a nobreza e a beleza da vida: a arte, o lar e a honra.

O amor de Vênus e Marte aconteceu a partir do momento em que Marte abandonou as atitudes brutais e aproximou-se da deusa do amor oferecendo-lhe seu corpo perfeito, dizendo-lhe palavras de afeto.  Cumulou-a de ricos presentes.  Apaixonaram-se e fizeram planos para se unirem no amor.  Encontravam-se à noite enquanto Vulcano, esposo de Vênus, trabalhava em sua forjaria.  Marte sempre levava consigo o jovem Alectrião, seu confidente, para lhe avisar quando chegasse o Sol.  Uma noite, porém, Alectrião adormeceu e o Sol surpreendeu os amantes que dormiam abraçados.  O Sol, indignado, foi avisar Vulcano que, pacientemente, teceu uma rede e aguardou o momento adequado para flagrar o amor ilícito entre Vênus e Marte.  E assim aconteceu.  Alectrião foi transformado por Marte em um galo, condenado a advertir eternamente os homens do despertar do sol.

Vênus teve quatro filhos com Marte, seu amante ideal: Cupido, Harmonia, Deimos e Fobos - os dois primeiros representando os elementos positivos contidos no mito venusiano e os dois últimos, o aspecto negativo sintetizado na figura de Marte, violento deus da guerra.

Com Mercúrio, Vênus teve Hermafrodito, figura dupla de homem e de mulher.  Com Baco, Vênus gerou Príapo, protetor dos bosques, jardins e vinhas.  Com Anquises, um mortal, Vênus deu a luz a Enéias, famoso herói troiano.  Com Vulcano, seu esposo, não teve filhos.




Filhos/Filhas de Saturno

Júpiter

Júpiter é filho de Cronos e Rea, Saturno e Cibele.  Saturno sabia que seria destronado por um dos seus filhos.  E passou a engolir um a um, logo após seus nascimentos.  Entretanto, sua mulher traçou um plano junto a Gaia, a Mãe-Terra: quando estava prestes a dar luz ao próximo rebento, ocultou-se em uma caverna e lá Júpiter veio ao mundo.  Gaia recolheu o menino em seus braços e Cibele retornou ao lar e lá apanhou uma pedra, envolveu em panos e entregou a Saturno que, imediatamente, a devorou.

Cibele salvara seu filhos mas havia, ao mesmo tempo, selado a profecia: em dia próximo, o último filho de Cronos tomaria das armas para encerrar o sombrio reinado de sangue.  E para sempre se instalaria no trono do mundo.

Ao crescer, Júpiter se aliou aos irmãos e aos monstros, destronou Saturno e venceu os Titãs e os Gigantes.  Com a tríplice vitória, firmou-se como senhor absoluto do mundo e encerrou o ciclo de divindades tenebrosas, das forças desordenadas, que, como Cronos, o Tempo, a tudo corrompem e destroem.  Sua vitória pode ser compreendida como a vitória da Ordem e da Razão sobre os instintos e as emoções desenfreadas.  É Júpiter quem abre aos homens o caminho da razão e ensina-lhes que o verdadeiro conhecimento só é obtido a partir da dor.  Mas não assiste impassível aos sofrimentos humanos, ao contrário, compadece-se... apenas não se deixa levar pelas emoções, pis é a imagem da justiça e da razão.  Sabe que não pode intervir nas descobertas pessoais: cada qual  tem de viver sozinho sua própria experiência.  Limita-se a premiar os esforços honestos e a punir as impiedades.

Por todos esses atributos, Homero chamou-o de ‘pai dos deuses e dos homens’.    Como rei, Júpiter comanda o Olimpo e os homens.  Como rei e pai, Júpiter alcançou regiões imensas pois teve vários filhos e com várias mulheres e todos estes filhos espalharam-se mundo afora, tanto na terra, quanto nos mares e até nos mundos ínferos (como é o caso de Perséfone, filha que teve com Ceres e que foi raptada por Plutão, para ser sua esposa).  As Graças, as Musas, as Horas, as Moiras, Apolo e Diana, Perseu, Hércules, Baco, Helena e Pólux... todos são seus filhos e alguns outros mais. 


Netuno

Quando Júpiter enfrentou seu pai, Saturno, deu-lhe para beber uma droga para convulsionar suas entranhas e fazê-lo vomitar os  filhos que outrora havia devorado.

Reunidos os três irmãos - Poseidon, Hades e Zeus (Netuno, Plutão e Júpiter) -, tramaram um plano para destituir do poder o pai terrível e procuraram por aliados e ganharam armas: para Netuno, foi fabricado um poderoso tridente, a cujo toque terra e mar estremeciam desde as profundezas.  Para Júpiter, os Ciclopes fabricaram o raio e o trovão.  Para Plutão, o capacete que o tornava invisível.  Munidos com armas e cercados de bons aliados, subjugaram Saturno e o encerraram nos mundos ínferos.

Repartiram, então, o universo entre si:  Júpiter passou a reinar nos céus; Plutão tornou-se o senhor do mundo dos mortes e Netuno ganhou o domínio dos mares e o poder de controlar as águas e de provocar terremotos e maremotos, com seu poderoso tridente.

Netuno foi habitar seu palácio no fundo do mar Egeu mas sempre percorreu seu vasto domínio numa carruagem atrelada a velozes cavalos - e por isso também se tornou deus dos cavalos e dos touros.

Muitos amores marcaram o mito de Netuno e teve vários filhos, com diferentes mulheres.  Com Ceres, a deusa da agricultura, teve Arião, cavalo veloz que serviu a Hércules; com Medusa, teve Pegasus, o cavalo alado; com Etra, teve Teseu, rei de Atena... e mais tantos outros filhos.

Plutão

Quando se anuncia a hora derradeira de vida de algum mortal, chegam as Moiras lhe anunciando seus instantes finais de vida.  ao morrer, a alma desce ao fundo da terra, ao reino de Plutão, atravessando o rio na barca de Caronte.  Existem o Tártaro, suplício eterno dos maus, e os Campos Elísisos, eterno prêmio dos justos... e existe um tribunal que decidirá o rumo da alma: Minos, Eaco e Radamento.  Plutão surge por último, pois é o juiz dos juízes, senhor da sombras e dos mortos, aquele que sempre pronuncia a palavra final.  Plutão é invisível - conquistou esta possibilidade através o capacete que lhe foi dado pelos Ciclopes quando da guerra dos três irmãos para destronar o pai Saturno.

Raramente o deus Plutão interfere nos assuntos humanos ou olímpicos, porém, quando invocado, atua no sentido de auxiliar o cumprimento das vinganças, tornando eficazes as maldições.  No entanto, ele também possui seu lado benéfico: propicia o desenvolvimento das sementes, enterradas nos limites de seus domínios e favorece a produtividade dos campos.  Por esta razão, os romanos chamavam Plutão ‘aquele que dá a abundância’.  Desta forma, pôde ser também visto de forma mais benéfica e associado como divindade agrícola - fundamentalmente através sua união com sua irmã, Ceres, a deusa da agricultura.  Eram então celebrados os Mistérios de Eleusis, ritos comemorativos da fertilidade, das colheitas e das estações.

Em uma de suas raras viagens à superfície da terra, Plutão deparou com a luminosa formosura de Perséfone (Core, Proserpina) e dela se enamorou.  Mas, como ao jovem não lhe correspondesse ao afeto, para fazê-la sua esposa o deus raptou-a.  Da união sem amor, nenhum filho nasceu.  Plutão não teve filhos.

Juno

Juno é filha de Saturno e Cibele.  Sua mãe salvou-a da fúria de Saturno que queria devorar todos seus filhos.  Juno cresceu distante dos pais e solitária.  Um dia, após ter derrotado seu pai, Saturno, Júpiter, irmão de Juno, encontrou-a e por ela se apaixonou.  Como Juno o recusara, transformou-se em cuco, pássaro triste e foi consolado por Juno, em seu peito quente.  Quando Juno percebeu, havido sido violentada por seu irmão, Júpiter.  Para reparar sua falta, Júpiter então, desposou-a.

Bela e majestosa  rainha do Olimpo, a severa esposa de Júpiter era tida, pelos antigos gregos, como modelo de fidelidade conjugal.  Nenhuma aventura amorosa consta nas lendas a seu respeito.  Porém, também as lendas contam que Juno tem um caráter rancoroso e ciumento, particularmente no que se refere às suas questões domésticas e familiares.  Aliás, sempre Júpiter lhe escapava do controle cerrado e buscava por outras farras amorosas...

Com Júpiter, Juno teve quatro filhos: Vulcano, personificação do fogo (algumas lendas dizem que Juno teria gerado Vulcano apenas por si mesma, sem a participação nem o conhecimento de seu marido); Marte, deus da guerra; Ilítia, deusa da maternidade e protetora das mulheres na hora do parto; e Hebe, representação divina da juventude eterna.  Tifão, no entanto, terrível monstro, também foi gerado por Juno com o auxilio da Mãe-Terra, Gaia, sem a presença de Júpiter.

Ceres

Ceres é filha de Saturno e de Cibele.  Todas as lendas sobre Deméter (Ceres) referem-se a seu caráter agrário, e, de forma poética, procuram explicar fenômenos e procedimentos ligados à cultura da terra. 

Sua união a Netuno mostrou que este, para seduzi-la, transformou-se em cavalo, e isso representa a seqüência   das tarefas de arar e semear o campo: o cavalo - consagrado a Netuno - puxa o arado e prepara o solo para receber os grãos distribuídos por Ceres.

Ceres teve uma filha, Core, Prosérpina, Perséfone, com Júpiter, seu irmão.  Perséfone simboliza os grãos.  Ao concebe-la, a deusa assume duplamente o papel de mãe: é a mulher como tal que dá a luz uma criatura e dela cuida com carinho, e ao mesmo tempo, é a terra que agasalha e fertiliza a semente.  Nos tempos mais primitivos da civilização helênica, enquanto os homens se dedicavam à caça, à pesca e às armas, as mulheres cuidavam do lar e dos campos.  Isso explica o fato de ser uma deusa, e não um deus, que protege as plantações com carinho maternal.

Deusa da colheita e da fertilidade, Ceres ajuda os mortais a cultivar a terra, fixando as populações nômades, ensinando, organizando, atrelando os animais, arando o solo, semeando, cuidando das plantações, colhendo, debulhando, armazenando, moendo os grãos, transformando-os em farinha e fazendo o pão.

Antes de frutificar para transformar-se em alimento, o grão é mergulhado nos sulcos da terra - tal como Core, filha de Ceres, raptada por Plutão e levada para as profundezas do mundo dos reinos ínferos.  Durante a ausência da filha, Ceres abandona os homens e refugia-se no santuário erguido em sua honra, em Eleusis.  Júpiter estabelece um acordo entre Plutão e Ceres, quanto à posse de Core: um terço do ano, ela viveria nos Infernos, um terço com a mãe na terra e o restante no Olimpo.  Sua estadia nos Infernos corresponde ao inverno, sua volta, representa a primavera.

De um conteúdo agrário elementar, esse culto evoluiu para significações mais profundas, ligadas ao ciclo da vida e da morte, dentro de uma interação entre homens e vegetais.  A terra alimenta o grão, que alimenta o homem, que, ao ser enterrado, após a morte, alimenta o grão, que alimenta outro homem, num ciclo ininterrupto.  Nada morre, mas tudo renasce, através da terra.  Mais tarde, esse renascimento passou a ser compreendido como transmigração das almas (metempsicose): as almas retornam ao mundo dos vivos para, através de novas experiências, alcançar a purificação.

Vesta

Filha de Saturno e Cibele, Héstia (Vesta) é a preservadora da castidade.  Os homens honram-na.  Oferecem-lhe sacrifícios.  Oram para que lhes proteja a família e o lar. E  ela, que nunca teve família nem lar, atende suas preces.  Toda a sua vida fôra feita de castidade: ela fizera voto de manter-se pura e solitária.  Jamais oferecera de si o corpo, a alma, o riso ou a compaixão.

Em todas as casas, em todos os Estados, no cerce de todas as instituições, Vesta, a casta deusa, jamais se corrompeu pela paixão.

Vesta é uma divindade do fogo - como Vulcano, o deus artesão, ou o titã Prometeu.  Mas ela possui um aspecto particular: enquanto Vulcano representa o fogo indomado, o elemento ígneo em suas manifestações subterrâneas, e Prometeu, o fogo de que o homem se apoderou como condição de autonomia, Vesta é o fogo domestico, o fogo da lareira, que fornce calor e cozinha os alimentos, que aconchega e fortalece a unidade familiar.  A própria palavra ‘Hestia’ é a tradução clara desse sentido funcional do fogo: quer dizer ‘lar’ (lareira).  Simboliza o conceito da moradia estável, lugar para onde convergem todos os membros de um clã e onde os deuses protetoras fizeram sua sede.

Vesta não protege apenas o lar individual mas também a cidade (o lar comum) cujo fogo sagrado é conservado cuidadosamente.  No altar da deusa, ardia o fogo sagrado.

O Colégio das Vestais - já dentro do mito romano -, compunha-se, inicialmente, de quatro mulheres que tinham papel muito destacado na vida romana e gozavam de excepcional prestígio.  Faziam rigoroso voto de castidade.  A função principal dessas sacerdotisas era manter aceso o fogo sagrado, símbolo da constante proteção divina ao Estado.

Quíron
(filho de Saturno com a ninfa Filira)

Saturno, para fugir do controle de sua esposa, Cibele, metamorfoseia-se em um cavalo para encontrar-se com Filira, uma ninfa, formosa filha de Oceano.  Dessa união, nasce uma criança meio humana, meio cavalo, que recebe o nome de Quírão ou Quíron. 

Desejando fugir daquela imagem horrenda, Filira pede aos deuses que a transformem em uma árvore e é atendida em seus apelos.  É uma tília, árvore gigantesca que servirá de sombra a todos aqueles que precisarem de repouso e de abrigo e que se encherá de flores perfumadas e delicadas, na primavera.

Existem duas versões para o mito de Quíron em relação ao posicionamento de Saturno: em uma versão, Saturno decide que seu filho Centauro não será violento nem ignorante -  como o resto de sua espécie; bem ao contrário, será inteligente, sábio, gentil e virtuoso.  Saturno estaria atuando, na verdade, não somente como pai de Quíron como também seu educador, seu mestre.

Em outra versão, Saturno teria abandonado seu filho à própria sorte e Júpiter, condoído, teria entregue a criança aos cuidados de Apolo e de Minerva que lhe teriam dado uma educação excelente.

A verdade é que Quíron se tornou um verdadeiro sábio e até ele foram enviados os filhos dos reis e  príncipes de vários países.  Quíron foi morar no Monte Pélion, ao lado do monte Olimpo e lá casou-se e teve uma filha.





Filhos/Filhas de Júpiter

Pallas Athenas
(nascida apenas de Júpiter)

Júpiter uniu-se a Métis, a Prudência, e fecundou-a.  mas o oráculo preconizava que o próximo filho da união destronaria o pai - assim como este fizera com seu pai, Saturno.  Para evitar que a profecia se realizasse, Júpiter engoliu Métis.

Pouco tempo depois, Júpiter sentiu uma dor de cabeça insuportável: era como se milhares de punhais, aprisionados, escavassem às pontadas, os caminhos da saída.  Vulcano golpeou com toda sua força a cabeça de Júpiter.  Da ferida aberta, surgiu uma mulher belíssima, vestida em reluzente armadura.  Na cabeça, ostentava o elmo de ouro; nas mãos, o escudo e a lança.

O mito da união de Métis, a Prudência, com Júpiter e o nascimento de Atena, mostra que, para os gregos, a sabedoria encarnada não poderia constar entre os dotes femininos.  E por isso, Júpiter teria engolido sua amada e por meio dela, tornou-se o mais sábios dos deuses - qualidade que transmitiu à sua filha Atena, a Minerva.

Atena, desde o momento de seu nascimento, envergando sua brilhante armadura e brandindo sua lança poderosa, caracterizava-se como divindade guerreira, porém sem encarnar a força bruta, bem ao contrário, representando a arte bélica, a luta  racional e justa que tem por objetivo defender ideais elevados, divulgar a cultura, estabelecer a paz e assegurar a ordem entre seus devotos.  Firmando-se como deusa civilizadora, presenteia seus devotos com o leme, evitando que os barcos se perdessem.  Criou a flauta, homenageando seus devotos com a música.   E também transmitiu-lhes a técnica de fiar, de tecer, de bordar.

Minerva não amou nenhum deus e nenhum homem e não teve filhos.

Vulcano
(com ou sem a participação de Júpiter?)

Juno, mulher de Júpiter, ressentia-se muitíssimo com as constantes infidelidades de seu marido e por esta razão, um dia decidiu gerar um filho sem que de tal concepção o marido participasse.  Haveria de ser uma criatura belíssima, como a própria mãe, e faria a morada dos deuses vibrar de emoção e de felicidade. 

Da solidão de gestação de Juno, nasceu uma criança que lhe trouxe uma imensa decepção: o pequeno Vulcano era feio, disforme, coxo.  Envergonhada, Juno agarrou o menino e do alto do Olimpo, atirou-o ao mar.

Tétis e Eurínome, nereidas, viram quando a criança mergulhou e correram a apanha-lo e levaram-no para uma caverna onde cuidaram e criaram o pobre menino.  Depois de nove anos, Vulcano partiu, carregando consigo sua habilidade como artesão dos metais, senhor do fogo e da forja.

A extrema habilidade de Vulcano servia-lhe não só para criar adornos e instrumentos úteis aos deuses e aos homens, mas também para executar vinganças e salvar a própria pelo.  Para punir a infidelidade de sua esposa, Vênus, que o traía com Marte, o deus confeccionou uma finíssima rede de ouro, invisível e inquebrável, e com ela envolveu os amantes adormecidos; depois, chamou seus companheiros do Olimpo, a fim de que testemunhassem o adultério da formosa deusa do amor.

Vulcano era feio, disforme, imerso noite e dia em seu trabalho.  Porém, cultivou várias aventuras amorosas.  Esposou a mais bela das imortais, Vênus, a deusa do amor, que, entretanto, não lhe deu  filhos.

Mercúrio

Maia é uma ninfa sobre quem pairaram os olhos de Júpiter. A jovem diverte-se, sorri, dança, brinca ao redor da majestosa figura de Júpiter... e ambos entregam-se ao amor. Deste amor, nasce Mercúrio.  Depois de dar a luz a Mercúrio, Maia adormece.  Mercúrio abre os olhos.  Não é apenas um frágil bebê que desperta, mas um ser dotado de extraordinária precocidade.

Permanece deitado por alguns momentos ainda, até assegurar-se de que Maia está mergulhada em profundo sono.  Então liberta-se rapidamente das numerosas faixas que lhe envolviam o pequeno corpo e que impossibilitariam seus movimentos.

Lá fora, no meio da noite pela primeira vez, olha o céu, as estrelas, e sai para o mundo, já pronto a fazer  suas peraltices.  Ao retornar à casa, avistou uma tartaruga.  Ficou encantado com o pequeno animal e, pegando-o nas mãos, disse as seguintes palavras: “Que sorte inesperada!”.  Com um estilete, feriu a tartaruga e esvaziou-lhe a carapaça, onde prendeu pedaços de cana de diferentes tamanhos.  Depois, distendeu sete cordas feitas com os intestinos dos animais que havia roubado durante seu passeio de peraltices.  Havia acabado de criar um novo instrumento musical: a lira.

Originário provavelmente da Trácia, o culto de Hermes (Mercúrio) não tardou a difundir-se entre povos primitivos da Grécia.  A princípio, o deus era venerado sobretudo pelos pastores.  Depois, Hermes perdeu grande parte de suas atribuições pastorais e de fecundidade, e aos poucos, foi se tornando deus dos viajantes, que conduzia por estradas muitas vezes cheias de riscos.

A maior parte das viagens realizadas pelos gregos tinha objetivos comerciais.  Por extensão, Hermes, protetor das estradas, tornou-se também deus do comércio e dos ladrões.  Essas novas características foram-lhe facilmente acrescidas por dois motivos principais: de um lado, os gregos eram conhecidos como comerciantes hábeis e muito pouco escrupulosos; de outro, o próprio Hermes, por sua extraordinária astúcia, adequava-se perfeitamente às necessidades práticas da sociedade grega, que, para sobreviver entre tantos inimigos ao seu redor, tinha de recorrer à esperteza.

E Hermes tinha um discurso bastante convincente e logo se transformou em deus da eloqüência. Estas todas funções lhe trazem também a função de mensageiro: ele é o verddeiro e perfeito arauto dos deuses -  atribuição caracterizada pelo objeto que sempre carrega consigo: o caduceu, bastão que tem poderes de distribuir bênçãos e prosperidade, além de ser capaz de transformar em ouro tudo o que toca.

Corredor infatigável, Hermes viaja por todas as partes, entre a Terra e o Olimpo.  A desenvoltura com que realizava tal atividade levou os regos a imagina-lo como um modelo ideal de juventude.  Entretanto, Hermes não possuía apenas dotes físicos.  Por haver inventado a lira, era venerado pelos poetas e cantores, e honrado, como protetor da música, juntamente com Apolo.  Mais tarde, foi-lhe atribuída a criação das ciências, especialmente da matemática e da astronomia.  Dessa maneira, surgiu a figura de Hermes Trismegisto, três vezes santo.

Com o tempo, Hermes assumiu também a função de conduzir as almas dos mortos até a região dos ínferos.  Era então chamado de Hermes Psicopompo (condutor de almas).

Mercúrio teve vários filhos: com Vênus, a deusa do amor, gerou Hermafrodito, ser de dupla natureza, homem e mulher ao mesmo tempo.  Com a ninfa Driopéa, gerou Pã, deus dos rebanhos e dos pastores... e muitos outros seres.

Marte

A figura de um deus da guerra é comum a todos os povos antigos, porque a guerra era constante entre eles.  Assim, também para os gregos - embora estivessem mais voltados para o comércio, para as artes, para a reflexão filosófica.  Contavam com duas divindades guerreiras: Pallas Athenas (Minerva) e Ares (Marte), ambos filhos de Zeus (Júpiter), mas não venerados com igual devoção e mesma intenção.

Athenas era cultuada e invocada em todas as batalhas para inspirar atos heróicos, encorajar a defesa de ideais nobres e conduzir à vitória da inteligência sobre a força bruta.  Marte, Ares, era um deus cruel, instintivo, companheiro constante do medo, do terror e da discórdia (personificados, respectivamente, por seus filhos com Vênus, Fobos e Deimos e também por Eris)

Homero, em sua Ilíada que narra a guerra de Tróia, coloca em cena, defrontando-se diretamente, os dois deuses.

Os romanos, no entanto, tinha Mars ou Marte como o pai de Rômulo e Remo, fundadores de Roma.

Inicialmente era considerado deus das tempestades e se constituía em divindade agrícola.  Mais tarde, esta força incrível da natureza passou a ser considerada como deus da guerra, um deus guerreiro, protetor de suas lutas e de suas conquistas.  E esta evolução coincide com a própria  evolução da história romana.  Assim, na época das conquistas, os romanos colocaram o deus da guerra à frente de todas as ouras divindades.

Impetuoso nas batalhas como no amor, Marte, deus da guerra, filho de Júpiter e de Juno, uniu-se a várias mulheres, e nelas gerou numerosos filhos.

De sua aventura com a bela Vênus, nasceram Cupido, personificação do desejo amoroso, e Harmonia, esposa de Cadmo; Deimos, o terror, e Fobos, o medo, que acompanhavam o pai nos combates. 

O texto acima é sintetizado por Janine e extraído de alguns Fascículos da antiga coleção Mitologia, publicada pela Abril Cultural, ainda na década de 1960.
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Com um abraço estrelado,
Janine Milward

O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Tao
E o Tao se orienta por sua própria natureza

Lao Tse


Você  nunca está só ou abandonado...
A força que guia as estrelas
guia você também


Srii Srii Anandamurti